23 fevereiro 2012

OS ÍNDIOS NÃO TEM MEDO DO SILÊNCIO

"Nós os índios, conhecemos o silêncio; não temos medo dele.

Na verdade, para nós ele é mais poderoso do que as palavras.
Os nossos ancestrais foram educados nas maneiras do silêncio e transmitiram-nos esse conhecimento.

"Observa, escuta, e logo atua", diziam-nos.
Esta é a maneira correta de viver.

Observa os animais para ver como cuidam dos seus filhotes; observa os anciões para ver como se comportam;
observa o homem branco para ver o que quer.
Observa sempre primeiro, com o coração e a mente quietos, e então aprenderás.
Quanto tiveres observado o suficiente, então poderás atuar.

Com vocês, brancos e pretos, é o contrário.
Vocês aprendem enquanto falam. Dão prémios às crianças que falam mais na escola, nas festas... todos fazem por falar.

No trabalho estão sempre em reuniões nas quais todos interrompem todos, e todos falam cinco, dez, cem vezes e chamam a isso "resolver um problema".
Quando estão numa habitação e há silêncio, ficam nervosos.
Precisam preencher o espaço com sons.
Então, falam compulsivamente, mesmo antes de saber o que vão dizer.

Vocês gostam de discutir, nem sequer permitindo que o outro termine uma frase. Interrompem sempre.
Para nós isso é muito desrespeitoso e muito estúpido.

Se começas a falar, eu não te vou interromper.
Escutar-te-ei. Talvez deixe de te escutar se não gostar do que estás a dizer, mas não vou interromper-te.
Quando terminares, tomarei a minha decisão sobre o que disseste,
mas não te direi se não estou de acordo, a menos que seja importante. Pelo contrário, simplesmente ficarei calado e afastar-me-ei.
Terás dito o que preciso saber.
Não há mais nada a dizer.

Mas isso não é suficiente para a maioria de vós

Deveriam pensar nas vossas palavras como se fossem sementes.
Deveriam plantá-las, e permitir que crescessem em silêncio.
Os nossos ancestrais ensinaram-nos que a terra está sempre a comunicar connosco, e que devemos ficar em silêncio para a escutar.

Existem muitas vozes além das nossas, muitas vozes.

Só as vamos conseguir escutar... em silêncio."

in "Neither Wolf nor Dog. On Forgotten Roads with an Indian Elder" - Kent Nerburn

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