17 julho 2010

Sangue Menstrual


O sangue menstrual possibilita a mulher a lembrar todos os meses de que ela é a manifestação da Deusa na Terra, que ela é fértil como a Terra, que ela é a vida que nutre a vida. É o não reconhecimento a esta força e poder que faz a mulher se sentir estranha, fatigada, introspectiva e até mesma doente durante sua menstruação, pois renegar a importância e sacralidade deste período é renegar a própria Deusa. A mulher que honra seu ciclo mensal passa a ver o seu sangue não com vergonha, mas como sagrado, o sangue da cura, o sangue da vida, percebendo que a cura da vida está no retorno à sabedoria da mulher e da Deusa.
Os Mistérios do Sangue sempre estiveram associados aos poderes de magia da mulher. Antes dos avanços científicos e o entendimento biológico da menstruação, o ciclo mensal era visto como algo mágico, pois representava a capacidade que a mulher tinha de sangrar sem adoecer. Como para os povos primitivos o sangue estava diretamente ligado a vida e a morte, o fato das mulheres sangrarem mensalmente sem terem sua saúde prejudicada era motivo de espanto e reafirmava o poder da mulher, o qual todos honravam. Como ainda os processos de concepção não tinham sido descobertos, a gravidez era vista como a capacidade da mulher se auto-fertilizar, transformando o seu sangue em nova vida. Até a supremacia patriarcal imperar, os corpos e ventres das mulheres eram o templo sagrado da vida. Com a chegada das religiões patrilineares, a mulher passou a ser considerada a origem do pecado original e de todos os males da vida. A partir dai sua menstruação, a origem do seu poder espiritual, também passou a ser considerado algo pecaminoso, o qual deveria ser evitado. Os corpos da mulheres passaram a ser propriedade dos homens. Mulheres em todo mundo sofrem até hoje o impacto dessa mudança histórica. A menstruação então ganhou vários tabus. A própria bíblia impõe vários preceitos que devem ser seguidos pela mulher que menstruar ou por aqueles que tiverem contato com ela durante seu ciclo: A mulher que estivesse menstruando deveria permanecer intocada por um ciclo de 7 dias, qualquer pessoa que a tocasse era considerada impura; tudo o que ela tocasse durante seu período menstrual deveria ser limpo e purificado; quem se deitasse sobre a mesma cama que uma mulher menstruada deveria se purificar lavando suas roupas e seria considerado impuro durante um período de 24 horas. Para compreendermos isso devemos entender que a menstruação da mulher era vista como a fonte de seu poder mágico e espiritual. Assim sendo, tudo o que é sagrado se torna um tabu e o que se transforma em tabu com o tempo é esquecido, deixado de lado, evitado, ridiculzarizado. A Menstruação da mulher era o mais sagrado dos mistérios. Este ciclo a ligava com a Deusa, pois como Ela a mulher passava por transformações aproximadamente à cada 28 dias. Celebrar novamente os Mistérios do Sangue da mulher torna possível a restauração e resacralização de seu útero, de suas vidas, permitindo que as mulheres se sintam novamente donas do seu corpo e possam viver seus ciclos naturais que incluem menarca, gravidez e menopausa de forma mais equilibrada e em sua totalidade. Ao passo que nossa cultura deixa de realizar tais cerimônias, ela reforça os valores patriarcais e a continuidade da retirada e enfraquecimento do poder da mulher. Muitos são os danos psicológicos causados às mulheres por causa da negligência de nossa comunidade em honrar os Mistérios do Sangue da mulher. Isso inclui a noção de vergonha imposta pela sociedade moderna acerca da menstruação, que é visto por muitos como algo sujo, ruim e subjugador, colocando as mulheres numa posição inferior aos homens ao passo que isso deveria representar o contrário.

Infelizmente, milênios de supremacia e domínio patriarcal despojaram as mulheres de seu poder inato e negaram-lhe até mesmo seu valor como criadoras e nutridoras da própria vida. Reduzidas a meras reprodutoras, fornecedoras de prazer ou de mão-de-obra barata, as mulheres foram consideradas incompetentes, incapazes, desprovidas de qualquer valor e até mesmo de uma alma!
Não mais o respeito e a veneração pelo poder sagrado de seu sangue, mas a vergonha, a repulsa, o silêncio sobre "aqueles dias", as acusações e explicações "científicas" dos estados depressivos, explosivos ou das mudanças de humor como algo mórbido, que deveria ser tratado com remédios ou com a indiferença.
Em vez dos antigos rituais de renovação e purificação nas Cabanas ou Tendas Lunares, onde as mulheres se isolavam para recuperar suas energias e abrir seus canais psíquicos para o intercâmbio com o mundo espiritual, a mulher moderna deveria disfarçar, esforçando-se para continuar com suas atribuições cotidianas, perdendo o contato e sintonia com seu corpo e com a energia da Lua. O resultado é a tensão pré-menstrual, as cólicas, o ciclo desordenado, o desconhecimento dos "Ritos de Passagem" e dos "Mistérios da Mulher".

(...)

É imperativo à mulher contemporânea recuperar a sacralidade de sua biologia. Para isso, ela deve lembrar seus antigos conhecimentos, compreender os verdadeiros mitos e arquétipos de sua natureza lunar, reconhecer o poder mágico de seu ventre e sua conexão com a Deusa.
A sociedade atual, altamente industrializada e intelectualizada, é carente de Ritos de Passagem e Celebrações, preocupando-se apenas com a produtividade, o consumismo e os modismos.
É vital para a mulher moderna suprir essa lacuna lendo e reaprendendo as antigas tradições, usando sua intuição e sabedoria para adaptá-las à sua realidade moderna, celebrando os Ritos de Passagem.
Esse ato de "acordar" e "relembrar" reconecta a mulher à sua essência verdadeira, dando-lhe novos meios para viver de forma mais plena, harmônica, mágica e feliz.

Fonte: http://olivrodabruxa.blogspot.com/2009/03/importancia-do-rito-de-menarca.html

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