29 setembro 2009
A VIOLÊNCIA É SÓ UMA...
A mulher comum, a que verdadeiramente sofre todo o tipo de afrontas e violências, em casa e na rua, em todos os continentes, essa não têm voz activa nem identidade própria porque a verdadeira voz da mulher, a Voz que vem de dentro, do Útero, e que era o Oráculo da Deusa, assim com a sua essência, foi extirpada das suas entranhas há muito… A mulher não sendo respeitada como mãe, ela cria assassinos em potência, porque todo o desequilíbrio social vem da família antes, muito antes de qualquer educação...
Tudo isto aconteceu depois do cristianismo e já desde que o Oráculo de Delfos foi usurpado por Apolo na velha Grécia á imagem do que fizeram na pré-história os invasores bárbaros dórios, equeus e hebreus, a Igreja católica fez o mesmo bastante mais tarde com o culto da Grande Deusa-Mãe e que representava ou ritualizava as Forças da Natureza, o lado feminino da vida.
Todas nós pagamos ainda o preço da renúncia forçada por esse desvio cultural e histórico, o da anulação da mulher, sofrendo todas nós na pele essa divisão e fragmentação sexual e psíquica. Porque se a mulher não for santa é condenada ao ostracismo, ao Bordel ou à boite de alterne...Por essas e outras razões, sempre que ousámos ser fiéis à nossa natureza, fomos perseguidas e queimadas vivas. Fomos denegridas e acusadas de feitiçarias, males e culpa sem fim, sendo a Eva a grande pecadora apontada como a causadora do infortúnio dos homens.
Como querem que as mulheres não sejam desrespeitadas e mal tratadas pelos maridos e filhos se essa é ainda a educação que milhares de homens e mulheres recebem na escola e através da média e de um catolicismo ultrapassado? E se o próprio Papa vem apontar o dedo inquisitorial às mulheres e o Cardeal de Lisboa fala em santas para abraçar de amor o mundo, o que é a seus olhos a mulher senão uma coisa moldável e sem alma que eles querem controlar e reduzir “enaltecendo-as” à condição exclusiva de virgens e santas...
Assim, tal como o padre, também o marido o amante ou o patrão acabam por condenar a mulher por qualquer outro sinal de expressão feminina menos “casta” e devota, seja o prazer e a sensualidade ou a sua liberdade de escolha como sinal de insurreição, e a descriminação ou violência sobre a mulher aparece de forma acentuada ou subtil em toda o lado principalmente em casa onde ninguém vê…
A Única coisa que nos impede de ver claramente os factos á a grande hipocrisia da sociedade moderna que pretende ter dado valor à mulher mas que em termos práticos revela o muito pouco que de efectivo e real na vida tenha sido feito para mudar de fundo as coisas.
A manifestação popular em massa da procissão da Nossa Senhora de Fátima de passagem por Lisboa, considerada uma manifestação de fé católica, estava mais perto de uma manifestação pagã do que se poderia imaginar, pois ela não é senão um reflexo da grande premência do Princípio Feminino há muito calcado e apagado do mundo patriarcal, e não só como eles pregam,da necessidade de Compaixão e Amor da Mãe eterna dos católicos.
Apesar da manipulação religiosa Patriarcal dos fenómenos ligados às “Aparições” da Deusa que reflectem ou não o imaginário colectivo como uma necessidade fulcral no mundo do Seu Amor não só maternal, mas também erótico, é sem dúvida a falta do Princípio Gerador, a Face Feminina do mundo, a mulher sensual e lenitiva, o da Mulher Deusa, adulterada pelo dogma católico, e que tanta falta faz para salvar o Planeta da violência do masculino sobre o feminino mas sobretudo sobre a Natureza Mãe e a sua destruição iminente.
Só quando as mulheres, por elas próprias, sem paternalismos, se abrirem a essa Nova Consciência do Feminino - que passa por uma dimensão do Sagrado na mulher, toda a mulher - aliada às forças da Natureza e a compreensão da Grande Deusa Mãe, como princípio gerador e criador do mundo, poderão alterar os factos quer ao nível global do Planeta quer das sociedades em particular. Precisamos recuperar a nossa voz a Voz do útero que nos roubaram os padres do deserto e voltar a servir como sacerdotisas a Grande Mãe e a Deusa!
Sem a participação efectiva da Mulher livre na sociedade e o respeito pela sua integridade - na união das duas mulheres que a Igreja dividiu – pela afirmação da consciência do verdadeiro feminino, não haverá solução parcial, nem política social para a violência doméstica porque esta não é senão um pequeno rasto de uma muito maior violência exercida há séculos pela preconceituosa mentalidade religiosa que no mundo dividiu a mulher em a santa e a puta e insiste nessa dicotomia como o mais terrível e calamitoso erro da nossa História!
Fonte: http://rosaleonor.blogspot.com/2008/09/onde-nasce-violncia-domstica-continuao.html
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